quinta-feira, 12 de junho de 2014

Recursos de baixa tecnologia como ferramentas no desenvolvimento do Autista


O sentimento é tão profundo, que faltam palavras para expressá-lo. Há raiva, carinho, tédio, mas falta de habilidade em comunicar. Resultado: uma imersão cada vez maior na realidade interna e um descolamento do que acontece em volta. Simplificando, é esse o círculo que envolve as crianças que nascem com autismo.
Para que consigamos fazer com que a haja uma minimização nessa dificuldade faz se necessário utilizar a comunicação alternativa e pode se usar recursos de baixa tecnologia para alcançar esse objetivo que é o da comunicação. Podemos usar o LPV(Livro de Pistas Visuais),o mesmo é confeccionado a partir de fotos individualizadas para cada criança,fotos dos alimentos e objetos reais de sua rotina. Estas imagens devem ser plastificadas e coladas em uma pasta que, após o treino oficial,a criança poderá levar consigo para todo lugar,possibilitando que ela se comunique com qualquer pessoa.



O treino da comunicação por pistas visuais começa com uma foto apenas e, depois, aumenta-se o número de fotos gradualmente. Durante o treino a estimulação antecedente deve ser limpa e objetiva (Tentativas Discretas) e, aos poucos, passará a reproduzir um contexto mais natural. A resposta a ser ensinada é a de selecionar uma foto e entregá-la ou mostrá-la para um ouvinte. As dicas vão sendo retiradas gradualmente, ou seja, começamos com uma dica mais intrusiva (pegar na mão da criança e descolar e entregar ou apontar a foto junto com ela) e passamos gradualmente para dicas mais leves (só direcionar a mão da criança para a foto ou apenas apontar a foto que a criança deve pegar).

Um passo importante do treino e do uso da comunicação por pistas visuais consiste em o aplicador nomear a foto selecionada para a criança repetir. Isso deve ser feito em todas as tentativas, desde o treino, visando aumentar as chances de a criança verbalizar mais e, com o tempo, podermos retirar a comunicação por fotos substituindo-a pela fala.

Deve-se treinar, com a troca de imagens, os principais operantes verbais: Ecoico – pegar a imagem que corresponde à fala do outro; Tato – pegar a imagem que descreve um estímulo do ambiente ou um evento; Mando– pegar a imagem do que se quer pedir; Intraverbal – pegar a imagem que responde a uma pergunta, completa uma frase, ou dá continuidade a um diálogo. Aos poucos, vamos aumentando a complexidade da comunicação por troca de imagens. Pode-se treinar o tato de sentimentos e ações; o relato de eventos passados; a construção de frases; etc.

Sugere-se que o treino comece pelo mando (pedidos), já que o reforçamento deste operante verbal é específico e, portanto, mais eficaz na instalação de uma nova resposta. Para o treino de mando o aplicador deve apresentar uma foto na mesa ou pregada com velcro na pasta de comunicação e mostrar o item de interesse da criança. Quando a criança tentar pegar este item o aplicador deve bloquear esta resposta e já direcionar a mão da criança para a foto, dando a ajuda necessária para ela descolar a foto da pasta e entregar para o aplicador. Então, o aplicador dá o modelo vocal do nome deste item e dá oportunidade para a criança repetir este som. Mesmo que a criança não repita o som ela deve ter acesso ao item pedido, para reforçarmos o pedido pela troca da foto. 
O recurso se destina a estudantes com autismo e pode ser iniciado o mais cedo possível. O mesmo pode ser utilizado em vários ambientes como já foi citado acima.